O consumidor reimaginado é um termo introduzido pela Accenture, para definir o consumidor pós-pandêmico que precisou se adaptar rapidamente a uma realidade completamente nova e que apresenta uma diferente intenção de compra.
O termo é embasado nas próprias pesquisas realizadas pela empresa – foram mais 25.000 consumidores em 22 países, com grupos de foco de acompanhamento em cinco países que mostraram que “um total de 50% dos consumidores diz que a pandemia os fez repensar seu propósito pessoal e reavaliar o que é importante para eles.”
Embora o preço e a qualidade continuem sendo fatores determinantes na intenção da compra, o consumidor reimaginado incorpora outras considerações que antes eram periféricas, emergentes e na maioria confinadas a subconjuntos demográficos.
Essa mudança de perspectiva pode ser percebida no seguinte dado – 42% dos consumidores entrevistados disseram que a pandemia os fez perceber que precisam se concentrar mais nos outros do que em si. [1]
E ao fazerem isso, novas oportunidades estão surgindo para as empresas.
“Nossa pesquisa revelou preferências que são poderosas o suficiente para conduzir tanto a mudança de marca (”devo ficar?”) quanto a disposição de gastar mais (“eu pagaria?”). Apenas 17% dos consumidores – aqueles que chamamos de “tradicionais” – disseram que não mudaram com a pandemia.”
Pesquisa Accenture
Temos ainda o “fator tecnologia” – “Novas tecnologias criam mudanças no comportamento, permitindo uma nova onda de modelos que consideram a comunidade uma prioridade e os produtos, o fator secundário (community-first, product-later), que impulsionam a conexão dos consumidores com uma marca. [2]
Conheça o perfil do internauta brasileiro.
Porém, isso não é apenas uma consequência da pandemia, mas sim um passo inevitável a longo prazo, sendo apenas acelerado pelo contexto da necessidade do isolamento social.
Outro ponto interessante para avaliarmos foi apresentado no Life Trends 2023 que menciona a capacidade que a população tem de se adaptar e encontrar soluções e respostas para as mais adversas situações como vimos nesses últimos anos, para além da pandemia.
Tamanha adversidade que o dicionário Collins definiu como a palavra para descrever o ano de 2022 como “permacrisis” – um período estendido de instabilidade e insegurança. [2]
E ao alinharmos esse comportamento ao consumidor moderno podemos enxergar 4 reações:
1. Lutar: As pessoas vão se posicionar cada vez mais contra a injustiça – em alguns casos, sob risco de um custo pessoal significativo;
2. Voar: As pessoas procurarão opções alternativas, incluindo realocações, troca de sistemas financeiros e busca por plataformas digitais diferentes;
3. Focar: As pessoas se concentram naquilo que podem controlar;
4. Deletar: As pessoas vão se desligar daquilo que não lhes agradar.
Diante dessas condutas, a Accenture conseguiu definir quais são as 5 principais motivações que esse consumidor reimaginado está seguindo na hora de definir suas compras.
Confira a seguir quais são elas.
Intenção de compra do consumidor pós-pandêmico:
1. Saúde e segurança;
2. Serviço e cuidados pessoais;
3. Facilidade e conveniência;
4. Origem do produto;
5. Confiança e reputação.
Consumidor 5.0 – conheça os hábitos de consumo desse novo tipo de cliente
Saúde e segurança
O consumidor reimaginado é altamente preocupado com a saúde e a segurança de suas experiências.
- 63% dos reimaginados acham crucial que as empresas/marcas promovam ativamente práticas saudáveis.
- Para áreas como a da saúde, mais de 45% dos reimaginados pagaria mais por experiências relacionadas à saúde e segurança;
- 68% dos reimaginados mudariam de marca se sentissem que faltava saúde e segurança.
Serviço e cuidados pessoais
Juntamente com o aumento das compras online, os consumidores esperam mais interação com o atendimento ao cliente. Eles gostariam de ver tempos de resposta mais rápidos e mais respeito e atenção às suas necessidades ou preocupações individuais.
- 72% dos reimaginados esperam que as empresas com as quais estejam fazendo negócios entendam como suas necessidades e objetivos mudaram durante esse período e atendam a essas novas necessidades;
- Mais da metade dos reimaginados (57%) dizem que mudariam de marca se ela não criar opções claras e fáceis para entrar em contato com o atendimento ao cliente ou fornecesse respostas claras sobre os níveis de serviço.
A pesquisa ressalta esse aspecto para empresas de bens de consumo, fornecedores de produtos eletrônicos, prestadores de serviços de saúde, varejistas e empresas de viagens.
“Ao nível de país, descobrimos que o reimaginado na Espanha, Estados Unidos, Canadá, Austrália, Irlanda e Brasil colocou o maior peso no serviço.”
Pesquisa Accenture
Facilidade e conveniência
As expectativas do consumidor pós-pandêmico não vão voltar para o estado anterior no que diz respeito à facilidade e conveniência. Agora, eles buscam “comércio em qualquer lugar”, onde as transações não precisam começar e terminar no mesmo lugar ou no mesmo meio.
- 49% estão prontos para mudar para outro fornecedor se fornecerem ferramentas virtuais de teste e/ou serviços de consultoria de compras por meio de canais digitais;
- 57% dos reimaginados disseram que mudariam de marcas de serviços de saúde se não forem oferecidas opções como solicitação de exames por aplicativo e/ou coleta de amostras laboratoriais em domicílio. Notavelmente, quase metade (48%) dos tradicionais concordaram.
- No setor de saúde, os reimaginados também apreciam a conveniência das consultas de saúde virtuais, com 51% dizendo que mudariam de provedor se as consultas online não fossem oferecidas em vez de visitas físicas, quando apropriado.
Eles também buscam por mais informações básicas sobre os produtos à sua frente, incluindo análises de produtos e informações de origem.
Origem do produto
Os consumidores querem cada vez mais saber o que há em um produto, como é produzido e até por onde é transportado. Trazer essas informações como uma intenção de compra ajuda os consumidores a apoiar a sustentabilidade e cuidar de suas comunidades.
76% dos reimaginados são atraídos para marcas que fornecem serviços e materiais de maneira altamente ética – contra 52% dos tradicionais.
- 65% dos reimaginados são atraídos a marcas que respeitam o meio ambiente, fornecem credenciais “verdes” confiáveis para produtos/serviços, minimizam os danos ao meio ambiente e/ou investem em sustentabilidade – contra 29% dos tradicionais.
- Para os eletrônicos, até 59% dos reimaginados disseram que mudariam para outro fornecedor para obter o produto mais sustentável, como um dispositivo recondicionado ou com menor consumo de energia.
“Comecei a ler os rótulos dos produtos para saber mais sobre a origem. Isto é muito importante.” Consumidor brasileiro entrevistado para a pesquisa. [1]
Confiança e reputação
Os consumidores pós-pandêmicos querem ver que as empresas têm clareza sobre como querem contribuir para a sociedade e que tratam bem seus funcionários.
Eles querem evitar a “culpa” residual sobre suas compras – qualquer compra – e, portanto, procuram sinais de que a empresa da qual está comprando tem integridade e está alinhada com seus próprios valores. [1]
Em mais da metade dos setores abordados na pesquisa, a maioria dos reimaginados disse que mudaria de fornecedor se os fornecedores não adotassem ações visíveis para causar um impacto social positivo.
- 46% dos reimaginados dizem que pagariam mais para apoiar uma marca de varejo que realiza essas ações visíveis.
- 76% dos reimaginados querem que as marcas adquiram serviços e materiais de maneira altamente ética.
Intenção de compra e o posicionamento das empresas
Por muito tempo o preço e a qualidade eram tidos como os únicos e dominantes na intenção de compra.
Embora sigam com alta importância, um conjunto mais amplo de motivações, tomadas em conjunto, têm potencial como maiores influências e diferenciadores para pelo menos metade de todos os consumidores.
Portanto, estamos vendo um novo espaço se abrindo no qual as marcas podem se aprimorar para criar novas identidades e descobrir novos caminhos de alto potencial para a liderança de mercado.